A relatora da CPMI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou com contundência que os eventos de 8 de janeiro de 2023 foram uma tentativa de golpe de Estado, contrariando as declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Em resposta a Motta, que classificou as invasões às sedes dos Três Poderes como uma “agressão às instituições”, Gama destacou que a investigação de cinco meses resultou em evidências claras de coordenação política.
“Como relatora da CPMI, posso atestar categoricamente: após 5 meses de investigação, de receber centenas de documentos e ouvir dezenas de testemunhas, houve tentativa de golpe de Estado”, escreveu Gama em uma rede social. Ela identificou o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro como o principal responsável pelos ataques, convidando os céticos a ler o relatório final da comissão, que contém mil páginas de conclusões.
A CPI, que recentemente aprovou o relatório final de Gama, propôs o indiciamento de Bolsonaro e de 60 outros indivíduos, incluindo civis e militares, por envolvimento nos atos de vandalismo. Com a conclusão dos trabalhos, o colegiado misto encerrou suas atividades, mas o debate sobre a natureza dos eventos de janeiro continua a polarizar a opinião pública e os setores políticos.
Em contrapartida, Hugo Motta reiterou sua posição, afirmando que os atos não configuram um golpe de Estado por falta de liderança e coordenação. “Golpe tem que ter um líder, uma pessoa estimulando, e não teve isso”, defendeu ele, ao classificar os participantes como “vândalos e baderneiros”. Motta também sinalizou que a Câmara pode considerar a possibilidade de anistia para os envolvidos, enfatizando a necessidade de prevenir futuras agressões às instituições.
A divergência entre os dois parlamentares reflete as tensões políticas que permeiam o país, enquanto a sociedade aguarda as repercussões das investigações e os possíveis desdobramentos legais para os acusados.