Antes mesmo de reassumir a presidência em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva já afirmava que não privatizaria as 123 estatais do Brasil e, se possível, reestatizaria a Eletrobras, vendida durante o governo Jair Bolsonaro. Passados dois anos de mandato, Lula não só cumpriu essa promessa, mas também criou uma nova estatal, a Alada, aprovada pelo Congresso em dezembro. A Alada terá a missão de explorar o lançamento comercial de foguetes e satélites privados a partir do Brasil.
A criação da Alada suscita preocupações, especialmente em um momento em que o Brasil busca cortar gastos. Em 2006, durante o governo Lula, foi criada a Alcântara Cyclone Space (ACS), uma parceria com a Ucrânia para lançar satélites. No entanto, essa iniciativa falhou e resultou em um saldo negativo de quase meio bilhão de reais, com nenhum lançamento registrado. Esse histórico levanta dúvidas sobre a viabilidade da nova estatal, levando especialistas a questionarem se a Alada não se tornará um novo “ralo” de dinheiro público.
A Alada será subsidiária da NAV Brasil, que desenvolve sistemas de navegação aérea. Entretanto, o projeto não esclarece quanto custará nem quantos funcionários serão necessários. A proposta é atrair investimentos privados para os lançamentos a partir da base de Alcântara, que é considerada um local estratégico para tais atividades devido à sua proximidade com a linha do Equador, reduzindo o consumo de combustível.
O orçamento da Agência Espacial Brasileira (AEB) para 2024 é modesto comparado aos investimentos de potências como EUA, China e Índia. Apesar disso, a AEB acredita que a crescente participação do setor privado na economia espacial oferece oportunidades para o Brasil.
Com a exploração espacial prevista para movimentar 1,8 trilhão de dólares até 2035, um programa robusto pode trazer benefícios financeiros, tecnológicos e sociais, além de contribuir para a soberania nacional. Contudo, a criação de mais uma estatal levanta questões sobre a gestão de recursos públicos, especialmente considerando o histórico recente. O sucesso da Alada dependerá de sua capacidade de se diferenciar das experiências passadas que não obtiveram sucesso.