Com o objetivo de conter um possível avanço da oposição no Senado em 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao PT que as candidaturas mais competitivas de seu arco de alianças se concentrem em uma vaga no Senado, em vez de disputas para governador. Essa estratégia visa reduzir o número de postulantes às chefias de Executivos estaduais, permitindo ao partido formar chapas com siglas como PSD, MDB e Republicanos.
Cenário do Senado
O Senado renovará dois terços de seus integrantes no próximo pleito, e o ex-presidente Jair Bolsonaro já traçou uma estratégia para o PL conquistar o maior número possível de cadeiras. O Palácio do Planalto está elaborando cenários de renovação com base na atual correlação de forças, e as análises indicam que um resultado insatisfatório pode comprometer a governabilidade de Lula em um eventual segundo mandato.
Atualmente, o Planalto considera ter 39 senadores na base, 29 na oposição e 13 em disputa, com mais trocas previstas no grupo próximo ao governo.
Preocupações no Norte e Centro-Oeste
As regiões Norte e Centro-Oeste são vistas como as mais preocupantes, com a possibilidade de eleger 22 senadores de direita ou extrema-direita, fortalecendo o bolsonarismo. O Senado desempenha um papel crucial em questões como indicações para o Banco Central e pedidos de impeachment de ministros do STF.
Para enfrentar esse cenário, Lula pediu ao PT que lance apenas nomes viáveis para a vitória, priorizando acordos que não melindrem aliados. Em 2024, o PT apoiou aliados em 13 das 26 capitais.
Recentemente, o partido tem reduzido o número de candidaturas a executivos estaduais. Em 2022, foram 13 nomes, enquanto em 2018 foram 16.
Um exemplo da nova estratégia é o movimento no Rio Grande do Sul, onde o ministro Paulo Pimenta, antes cotado para disputar o governo, deverá buscar uma vaga ao Senado. No Rio de Janeiro, o PT não lançará candidato ao governo e deve apoiar o prefeito Eduardo Paes (PSD), enquanto considera a deputada Benedita da Silva para o Senado.
Em São Paulo, auxiliares apostam no vice-presidente Geraldo Alckmin para o Senado, caso não ocupe a vaga de vice na chapa de reeleição de Lula. Alckmin é visto como o único nome competitivo contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
No Mato Grosso, o PT prioriza a eleição do ministro Carlos Fávaro (PSD) ao Senado, em vez de lançar candidatura própria ao governo. O presidente do PT no estado, Valdir Barranco, enfatizou a importância de ter um Senado forte.
Em Pernambuco, o governo vê potencial para eleger dois senadores, com Humberto Costa (PT) em busca de reeleição e Silvio Costa Filho (Republicanos). No Maranhão, as opções incluem os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), além do governador Carlos Brandão e do ministro André Fufuca (PP). No Amazonas, Omar Aziz (PSD) pode ser candidato ao governo, enquanto Eduardo Braga (MDB) e Marcelo Ramos (PT) concorrem ao Senado. No Paraná, Enio Verri e Zeca Dirceu (PT) se colocaram à disposição para disputar as duas vagas.
Essa estratégia reflete a determinação do PT em fortalecer sua posição no Senado e garantir uma base sólida para o futuro político do partido.