O Centrão já escolheu um nome para apresentar ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas negociações para a troca no comando da Caixa Econômica Federal. Trata-se do ex-ministro e ex-presidente da Caixa, Gilberto Occhi. O nome vem sendo defendido nos bastidores para substituir a atual presidente, Rita Serrano. Occhi é ligado ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) e entraria no governo na cota do PP.
Pesa contra Rita Serrano o fato de não ser bem avaliada no Ministério da Fazenda. Um interlocutor do governo argumenta ainda que ela não tem nenhum “padrinho”, o que facilitaria a substituição.
A troca, no entanto, tem potencial para provocar mal-estar com a base petista. Isso porque Serrano, além de ser um quadro orgânico do PT, é funcionária de carreira Caixa, sindicalista e mulher. Na transição, o ministro Fernando Haddad a indicou para comandar o banco, entre outros fatores, em resposta às críticas de que na equipe econômica havia poucas mulheres em cargos de comando.
Depois de fechar um primeiro semestre celebrando vitória em pautas importantes no Congresso Nacional, como a aprovação da reforma tributária e do projeto que favorece o governo em julgamentos no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), na Câmara, o presidente Lula deve aproveitar o mês de julho para fazer reformulações, a fim de conquistar o apoio de mais partidos para sua base.
O foco acontece em meio às tratativas da substituição da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, pelo deputado Celso Sabino (União-PA). O Planalto já confirmou que Daniela deixará o cargo e que o nome a ser confirmado é o de Sabino, filiado ao União Brasil e próximo ao presidente da Câmara Arthur Lira. Mas o movimento deve ser ‘casado’ com outras mexidas, atraindo partidos como o PP e o Republicanos.
Na reunião de sexta-feira, no Palácio da Alvorada, Lula teria ouvido de Elmar Nascimento e de outros líderes do Centrão uma série de ‘sugestões’ e demandas para cargos. O União Brasil já deixou claro que quer o Turismo com a chamada ‘porteira fechada’, incluindo a Embratur, que hoje é comandada por Marcelo Freixo (PT). A ideia seria transferir Freixo para outro posto de relevância, de repente em alguma estatal, abrindo caminho para o União Brasil na Embratur. Procurado, Freixo disse seguir trabalhando normalmente no órgão de turismo.
Para abrigar Republicanos e PP, Lula recebeu demandas consideradas pelo Planalto ‘ousadas’, mas que poderiam abrigar nomes sugeridos pelos dois partidos. A primeira troca, considerada mais fácil, seria no Ministério dos Esportes, que deixaria de ter à sua frente a ex-jogadora de vôlei Ana Moser, dando lugar ao deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).
O nome do PP para entrar no governo seria o do deputado federal André Fufuca (PP-MA), e que, segundo o desejo do partido, poderia assumir o Ministério do Desenvolvimento Social, comandado atualmente por Wellington Dias. A grande dúvida no entorno do presidente Lula seria dar uma pasta que abriga o Bolsa Família para um partido que não é o PT ou ligado historicamente a ele. O que ainda gera resistência interna no Planalto.
Uma fonte do governo reclamou da quantidade de sugestões do grupo político a Lula. Disse que “o Centrão pede alto pra ganhar parte disso”. As pedidas dos partidos que oferecem apoio futuro a Lula chegam até mesmo ao Ministério da Indústria e Comércio, comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Uma das propostas seria a de tirar Alckmin do posto e deixá-lo com Wellington Dias.