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Paciente que teve remissão de câncer com terapia celular volta andando para casa depois de deixar a cidade de UTI móvel

 

 

 

 

 

Paciente que teve remissão de câncer com terapia celular volta andando para casa depois de deixar a cidade de UTI móvel

Paulo Peregrino foi levado em estado grave há 4 meses de Niterói (RJ) à capital paulista para tratamento com as próprias células de defesa modificadas em laboratório. Com a doença avançada, o paciente vivia com morfina e mal conseguia caminhar. g1 acompanhou o retorno dele.

Se essa história virar um livro, o título poderia ser: “O retorno do Peregrino”. Quatro meses depois de deixar Niterói, no Rio de Janeiro, de UTI móvel, Paulo Peregrino, o paciente que passou por um tratamento considerado revolucionário no combate ao câncer, voltou para casa caminhando e trazendo as próprias malas.

O publicitário combatia o câncer havia 13 anos e teve remissão completa do linfoma em 30 dias com CAR-T Cell (entenda o método abaixo). Paulo estava prestes a receber cuidados paliativos quando, entre março e abril, foi o 14º paciente a ser tratado pela terapia, em São Paulo.

A técnica combate a doença com as próprias células de defesa do paciente modificadas em laboratório e faz parte de um estudo que usa verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Aos 61 anos, no último sábado, Paulo fez as malas e pegou um ônibus de São Paulo a Niterói com a esposa e a prima dela. O g1 acompanhou as mais de 6 horas de viagem até o momento da chegada na casa.

Carregar as malas sozinho tem um significado importante ao publicitário. Em 2022, ele mal andava e não conseguia colocar o tênis com o inchaço na perna direita.

Na porta, o filho, de 29 anos, esperava o pai. A cadela Aretha estava no quintal e só reconheceu o dono depois de uma cheirada e uma lambida.

O câncer de Paulo está em remissão. Os especialistas consideram “cura” depois de ao menos cinco anos sem indícios da doença.

Antes de voltar a Niterói, Paulo voltou ao hospital em São Paulo e conheceu a arquiteta Renata Vendramini. A paciente é a 15ª paciente a receber o CAR-T Cell de forma compassiva. A infusão foi sábado.

Os pacientes que fizeram parte da pesquisa são considerados “compassivos”, ou seja, já tinham feito vários tipos de tratamento, sem resposta. Vanderson Rocha, professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP e coordenador nacional de terapia celular da rede D’Or, está à frente dos casos de Paulo e da Renata.

No total, 15 pacientes participaram da mesma pesquisa com a terapia experimental que Paulo passou. O método tem como alvo três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que atinge a medula óssea. O protocolo contra mieloma múltiplo ainda não está disponível no país.

10 estão vivos;

6 tiveram remissão completa e a doença não voltou;

2 tiveram remissão completa, mas a doença voltou depois de alguns meses;

2 iniciaram o tratamento recentemente.

5 pacientes faleceram;

2 morreram poucos dias depois da infusão por infecções causadas pela própria doença;

2 tiveram remissão parcial ou total dos tumores, mas morreram meses depois porque o câncer voltou;

Vamberto Luiz de Castro, o primeiro paciente a realizar o tratamento em 2019, teve remissão total, mas morreu pouco tempo depois em um acidente doméstico.

O coordenador da pesquisa e do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, Dimas Covas, quer ampliar os estudos no mês que vem.

A técnica é utilizada em poucos países. No Brasil, no segundo semestre, dezenas de pacientes devem ser tratados com o CAR-T Cell com verba pública após autorização da Anvisa para o estudo clínico.

Atualmente, o terapia só existe na rede privada brasileira, ao custo de ao menos R$ 2 milhões por pessoa.

 

 

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